Analistas relatam presença preocupante de bicho-mineiro durante a colheita
A colheita de café no Brasil avança trazendo consigo tanto novos recordes quanto preocupações. O IBGE estimou uma safra 7% maior que o ciclo anterior, atingindo 61,4 milhões de sacas. Contudo, os cafeicultores estão preocupados com a baixa peneira e o rendimento, especialmente nas variedades de arábica.
Apesar da expectativa de um aumento de 5,2% na produtividade, com 30,9 sacas por hectare, a incerteza ainda paira entre alguns produtores que temem uma quebra de cerca de 20%. Para alguns especialistas que acompanham o setor, isso já é uma realidade.
Em locais onde a colheita está mais avançada, como nas Matas de Minas, a perspectiva de quebra já é mais certa, com peneira miúda. Os picos altos de temperaturas históricas refletem no tamanho dos grãos nessa colheita. Na região, alguns produtores relatam perda entre 20% e 30%. Muitos tiveram uma florada antecipada e, com as dificuldades climáticas, a situação se agravou.
Desafio do bicho-Mineiro em meio à colheita
Paralelo a esse cenário os produtores também relatam a presença de bicho-mineiro nas lavouras durante a colheita. A ocorrência é intensificada pelas altas temperaturas, mesmo durante o inverno.
As temperaturas muito altas tornam o ambiente favorável para a praga. E levando em consideração o período, o manejo indicado é de choque, além de um monitoramento constante, para que o bicho-mineiro não comprometa a planta para a próxima safra.
Leia também:
Por que o controle do bicho-mineiro no cafezal é um desafio?
Inovação garante alto desempenho no combate ao bicho-mineiro
Café: como controlar bicho-mineiro e ferrugem de uma só vez
Impactos do clima no cafeeiro
O baixo índice pluviométrico e as altas temperaturas entre outubro e dezembro do ano passado foram cruciais para o contexto atual.
“Estamos vendo a safra 2024 definida desde que a colheita atingiu 20% na média da região Sul de Minas. Temos uma ótima qualidade, mas com um percentual de peneira 17/18 abaixo da média dos últimos anos, com muitos grãos menores. Com o avanço da colheita, esperamos uma mudança”, explica Heberson Vilas Boas, Gerente da Mesa de Operações da Minasul.
Mercado e preços do café
Apesar das oscilações, são bons os preços sustentados pela demanda tanto de arábica quanto de conilon.
“O dólar forte resulta em mais reais por saca para o produtor. Porém, os custos dolarizados também aumentam, especialmente para safras futuras”, alerta Heberson.
Ele ainda afirma que o mercado não deve ceder no segundo semestre e seguir remunerando bem o produtor. “Contudo, manter os custos atualizados é sempre importante. A paridade é a melhor da história e deve ser aproveitada. Fazer médias é uma boa estratégia”, afirma.
Safra maior ou menor?
A produção cafeeira no Brasil teve avanços significativos nos últimos cinco anos. Em comparação com a safra de 2019, se confirmadas as projeções para este ano, o crescimento deve ser de aproximadamente 20%. O conilon apresentou o menor percentual de variações, mantendo sua produtividade em torno de 15 a 16 milhões de sacas.
O pesquisador da Embrapa Café, Anísio José de Diniz, destaca o aumento das áreas de café plantadas nesta temporada.
“Tivemos lavouras severamente afetadas pelas geadas em 2021, que receberam manejos drásticos de poda para renovação e que a partir deste ciclo retornarão a uma produção significativa”.
Os cafeeiros, de acordo com o pesquisador, permitem patamares mais elevados de produtividade de arábica nesta safra. Nas áreas de robusta, Anisio pontua o avanço da mecanização nas lavouras. “In loco, constatamos que a mecanização da colheita tem proporcionado mais eficiência e maior rentabilidade para o cafeicultor”.
Problemas para a safra 25?
O clima que desenhou o cenário atual também condiciona a safra de 2025. Além da colheita desta temporada estar adiantada em duas ou três semanas, a florada precoce em muitas fazendas já sinaliza nova preocupação.
Gustavo ressalta que a produção do próximo ciclo dependerá muito das condições climáticas. A retomada das chuvas entre agosto e setembro pode reduzir o impacto dessa seca e das altas temperaturas. “Mas se as chuvas retornarem só em outubro e realmente tivermos um inverno quente, com certeza a produtividade de 2025 será muito afetada”.
Nas regiões produtoras de Minas Gerais, o solo possui pouca água armazenada e isso já é um alerta, pois a falta de umidade impacta negativamente as plantas. Nesse momento, o monitoramento do bicho-mineiro e a busca pelo melhor controle devem estar entre as prioridades dos produtores. Mesmo durante a colheita é necessário trabalhar na redução do complexo de pragas e doenças, pois elas podem prejudicar a florada futura.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
Acesse o portal da Syngenta e confira a central de conteúdos Mais Agro para ficar por dentro de tudo o que está acontecendo no campo.
Deixe um comentário